Minha aventura começou em Abril (adoro viajar nessa
época) de 2013, foi uma viagem sozinha, decidida em cima da hora e com muitas
mudanças nos planos...
Uma semana antes de embarcar pra Santiago do Chile
decidi que não ia fazer mais 15 dias de curso de espanhol, na verdade, decidi
que não faria mais nenhum curso. Essa viagem seria pra lavar a alma e me
descasar de dois anos de uma obra portuária que quase me enlouqueceu.
E foi assim que do dia pra noite e depois da minha
pressão chegar duas vezes a 21 por alguma coisa, eu decidi que ia pro Deserto
do Atacama, um lugar com quase 1.000 km de extensão, considerado o local mais
alto e árido do mundo (por isso preparei os pulmões, pois a única certeza que
tinha na vida era que seria bem complicado respirar lá).
Minha base nessa viagem foi à cidade de San Pedro
de Atacama, cidadezinha a 2.400 metros de altitude, com povo simpático e uma
paisagem de tirar o fôlego (em todos os sentidos).
Dia 1
O primeiro dia não teve muita emoção.
Após várias horas de viagem pra chegar a Santiago (fui de LAN no trecho todo),
seis horas de conexão, mais algumas horas no voo pra Calama e mais duas horas
de ônibus até San Pedro de Atacama, tenho que dizer que não havia nem tempo nem
corpo pra fazer nada.
As únicas atividades do dia foram;
achar o Hostel e dar uma volta pela cidade. Fui ao Solmáfaro, a Igreja de São
Pedro e a uma agência de turismo para marcar os passeios dos próximos dias (não
consegui fazer isso daqui do Brasil).
O Hostel Vilama era novinho (nem tinham
terminado a construção da fachada), a dona do lugar era muito atenciosa sempre
estava pronta pra ajudar e servir o café da manhã (que se resume a um copo de suco
artificial, café solúvel, um pão e manteiga – descobri que esse é o padrão para
hostel), o lugar é bem silencioso à noite, então você pode dormir bastante até
a aventura do dia seguinte. O único ponto que pra mim foi um pouco tenso é que
o lugar é um pouco afastado do centro, então como eu estava sozinha, no inicio,
fiquei com muito medo, mas depois foi tranquilo... o lugar é muito bem cuidado,
a cama é boa, as toalhas e lençóis ótimos, mas o chuveiro é uma coisa a parte....
é a “salvação do soldado”; aquela ducha quente me salvou a viagem toda....
Acabei fechando todos os passeios com
a agência Inca Coya Tour (lá eles
têm funcionários que falam português). Ao todo, fiz sete tours, a agência é
ótima, o guia é ótimo, tudo muito bom mesmo. A única coisa que eles pecaram foi
passar dois tours para a agência Viva Atacama que não é nada boa..... A Viva
Atacama não me levou em todos os lugares dos passeios e o guia estava com
pressa pra fazer o trabalho dele e ir embora.
Dia 2
Laguna Cejar - Altitude de 2.300 metros
LINDO... LINDO.... LINDO.....
Experiência única e divertida. Devido à alta taxa
de salinidade (até dez vezes maior do que a do mar), você não afunda..... mas
não se iluda com o sol, pois água é gelada...
Ojos de Salar - altitude 2.300 metros
São duas "piscinas” de água doce no meio do
deserto. (Tenho que admitir que não tive coragem de entrar..... já tinha
passado frio suficiente na Laguna de Cejar).
Laguna Tebinquiche - Altitude de 2.450 metros
Chegamos lá ao final da tarde, deu pra ver as
várias mudanças nas cores do céu. Pra minha sorte era temporada de seca e pude
ver o tapete de sal e pra melhorar ainda mais, tinha lugares com uma camada bem
fina de água o que deu um efeito espelhado muito bacana.
O pôr do sol lá foi um dos mais bonitos de toda a
minha vida.
Tour Astronômico
Fiz o tour com a Space, tem gente que não gosta, mas eu AMEI!!!
O céu do Atacama é o mais lindo que
já vi em toda a minha vida.... poder ver estrelas e planetas do modo como vi
nesse passeio vez valer cada instante, foi especial e mágico.... o leite com chocolate no final do tour é a cereja no bolo. Fiz o
tour em espanhol.
Dia 3
Valle de La Luna - Altitude de 2.440 metros
O vale da lua é uma paisagem que te faz
sentir pequeno na imensidão a sua frente. É um lugar lindo, é forrado de branco
dando a falsa impressão que tem neve no deserto. O que acontece de fato (pelo que eu entendi) quando chove o sal que estava no solo “sobe” para a superfície e
aí quando a água evapora fica tudo branquinho.
Segundo o guia esse nome se deve ao
fato de as pessoas acharem que o lugar parece a superfície da lua.
Valle de La Muerte - Altitude de 2.500 metros
Esse vale tem uma cor mais avermelhada,
mas nem por isso perde seu encanto.
Algumas pessoas dizem que o real
nome era Valle de La Marte, em referência ao planeta vermelho, mas que devido a
um problema de comunicação o nome foi mudado pra Valle de La Muerte.
Tem outras pessoas que dizem que na época
de mil novecentos e rolha, que aconteceu uma emboscada nesse vale, muitas
pessoas foram mortas e que a terra foi tingida pelo sangue delas.
O que realmente importa é que o vale é
LINDO!!!
Cordilheira de Sal - Altitude de 2.600 metros
Esse passeio foi uma grata surpresa. A
cordilheira do sal é uma antiga mina de extração de sal que o governo desativou,
pois descobriu que ganhava mais dinheiro com turistas do que com a venda do
sal. Eu particularmente fiquei muito feliz com a decisão do governo, pois pude
entrar em cavernas que possuem como parede o sal.
Era muito legal colocar a lanterna na
parede e ver que a luz percorria quase toda a parede....
Mais uma vez tive um pôr do sol de
cinema....
Dia 4
Lagoa Chaxa - Altitude de 2.300 metros
Essa lagoa está dentro da Reserva
Nacional dos Flamingos e foi muito legal ver tantos flamingos em um único lugar.
O cheiro deixa a desejar, pois a planta (acho que é alga) que o flamingo come
tem cheiro de enxofre.
Prepare as roupas quentes, pois esse
lugar foi um dos lugares mais frios da viagem toda.
Lagoa Miñique e Lagoa Miscanti - Altitude de 4.195 metros
As duas lagoas estão bem próximas, o que vale a
pena no lugar é a fauna que pode ser observada com mais cuidado e mais
diversidade. Lá tem um lugar pra você sentar e refletir ou só observar....
Vilarejo de Toconao - Altitude de 2.485 metros
Não achei muita coisa nesse vilarejo; tinha uma
praça, alguns animais na rua e umas lojas “pega turista”.
Dia 5
Salar de Tara - Altitude de 4.400 metros
Ainda bem que deixei esse passeio para os últimos
dias. Além de ser o mais alto, de longe é o mais lindo e o mais de marcante de todos.... nem tem como
explicar!!! Acho que se tivesse feito ele no começo todos os
outros iam parecer muito sem graça.
Tem esculturas em pedra, paredões, lagos,
animais, vento no rosto, nuvens (algo muito raro no Atacama) e uma almoço bem caprichado....
É o mais caro de todos os passeios, mas vale cada
centavo....
Dia 6
Petroglifos - Altitude de 2.300 metros
Foi interessante ver como o ser humano
tem necessidade de deixar sua marca por onde passa. Essas figuras esculpidas
nas pedras (não sei se o termo está certo) através do desgaste da superfície é
muito legal e diferente.
Vale do Arco Iris - Altitude de 2.300 metros
Mais um lugar mágico no Atacama.....
É um passeio de meio dia que mostra mais uma das várias faces desse deserto...
são tantas cores e tantos formatos que os olhos nem acreditam no que estão
vendo....
Termas de Puritana - Altitude de 3.500 metros
De longe o passeio mais sem graça e sem sentido da
viagem toda... Pensa no seguinte; uma escada enorme, uma rampa sem noção, aí
você chega a um monte de piscinas naturais que tem uma temperatura morna e só....
Se tiver outra coisa pra fazer.... acho melhor
economizar seu dinheiro.
Dia 7
Gêiseres de Tatio - Altitude de 5.000 metros
Prepare a alma e várias camadas de
roupa. Eu fui com 3 calças, meia calça de neve, 2 blusas de manga comprida
(sendo uma segunda pele de neve), 1 moletom, 1 casaco de neve, 2 meias, 2 gorros,
luva, cachecol e pasmem... NUNCA passei tanto frio na minha vida (-7°c
as 7:00 AM)....
O passeio em si é uma prova de
resistência, pois você tem que acordar às 4:00 da matina... depois passa um
frio surreal e lá pelas 8:00 da manhã a temperatura está um pouco acima dos 0°c...
e é nesse momento que as pessoas têm a brilhante ideia de entrar nas piscinas
termais..
Como eu morro de frio, é lógico, que eu
não entrei. Foi bem divertido ver as pessoas dando pulinhos pra ver se
esquentavam quando saiam.
O passeio DEVE ser feito, pois é lindo,
único e raro.... Esse espetáculo da natureza só pode ser visto em 5 países em
todo mundo (já incluindo o Chile).... o importante é que depois de um tempo só
ficam as boas lembranças!!!!
Enfim, após 7 dias nesse paraíso
perdido no Chile era hora de ir pra Santiago. O silencio do deserto foi muito
bom pra mim, as pessoas que convivi lá me ensinaram muito e eu comecei a me
escutar com um pouco mais de atenção.
Ver coisas que nunca pensei que existiam
me fizeram querer descobrir tantas outras coisas que nem faço ideia que existam
e é por isso que o Chile conquistou um lugar bem especial em meu coração.